Leishmaniose Visceral Canina: diagnóstico e tratamento

A Leishmaniose Visceral Canina é uma doença parasitária transmitida por mosquitos que afeta cães e pode representar um sério risco para a saúde de seus animais de estimação. Neste artigo, abordaremos o que é a Leishmaniose Visceral Canina, como é feito o diagnóstico e quais são as opções de tratamento disponíveis.

 

O que é Leishmaniose Visceral Canina?

A Leishmaniose Visceral Canina, também conhecida como LVC, é uma doença causada por protozoários do gênero Leishmania. A forma de transmissão aos cães é por meio da picada de insetos vetores, principalmente o mosquito-palha. Além disso, a Leishmaniose Canina (LC) é classificada como uma forma de Leishmaniose Visceral (LV), uma vez que o agente causal é capaz de provocar a LV em seres humanos. No entanto, em cães, a síndrome observada combina frequentemente os sintomas da doença visceral e cutânea simultaneamente. Esses parasitas se alojam no organismo do animal, afetando principalmente órgãos internos, como o fígado, o baço e a medula óssea.

 

Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina

O diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina requer uma avaliação cuidadosa, pois os sintomas podem variar e, em muitos casos, são inespecíficos. Alguns sinais comuns da LVC incluem perda de peso, fraqueza, anemia, crescimento anormal das unhas, feridas na pele, entre outros. No entanto, é possível confundir esses sintomas com outras condições de saúde.

 

Diagnóstico parasitológico

O diagnóstico parasitológico desempenha um papel fundamental no processo de detecção da LVC. Nesse método, observa-se as formas amastigotas da Leishmania em diferentes amostras do animal. Isso inclui esfregaços de linfonodos, medula óssea, aspirado esplênico, biópsia hepática e esfregaços sanguíneos corados com corantes comuns, como Giemsa, Wright e Panótico. Em alguns casos, é possível identificar parasitas em impressões citológicas obtidas abaixo de crostas e escamas cutâneas ou por meio da aspiração de nódulos cutâneos.

Biópsias cutâneas de áreas macroscopicamente normais, como a parte superior do focinho, também são opções, uma vez que essa região é preferida pelos vetores transmissores.

A imuno-histoquímica é uma técnica sensível e específica usada para o diagnóstico parasitológico da Leishmaniose Visceral Canina. Ela permite a detecção de formas amastigotas da Leishmania em diversas amostras de tecidos.

No entanto, é importante observar que, em muitos casos, especialmente em animais assintomáticos com baixa carga parasitária, os resultados do diagnóstico parasitológico podem ser falsos negativos.

 

Diagnóstico sorológico

O diagnóstico sorológico da Leishmaniose Visceral Canina baseia-se na detecção de anticorpos anti-Leishmania circulantes no sangue do animal. Animais infectados geralmente desenvolvem uma resposta imunológica humoral, resultando em altos títulos de IgG anti-Leishmania. A soroconversão, ou seja, a produção desses anticorpos, acontece após cerca de três meses da infecção, sendo que os títulos permanecem elevados por pelo menos dois anos.

Os testes sorológicos recomendados atualmente pelo Ministério da Saúde incluem o TR-DPP® (Teste rápido DPP) e o ELISA, sendo este último considerado o padrão ouro. Testes imunocromatográficos comerciais utilizam proteínas recombinantes, como rk39 e rk26, como antígenos. Além disso, proteínas A e G extraídas de bactérias podem servir como reagentes marcadores nesses testes.

O Ministério da Saúde estabeleceu, por meio da nota técnica 01/2011, que o teste rápido imunocromatográfico (TRI), desenvolvido pela Bio-Manguinhos (DPP®), é o teste preferencial para a triagem de animais, enquanto a indicação do ELISA é como teste confirmatório.

A Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI) ainda é a escolha para inquéritos epidemiológicos devido à facilidade de execução, rapidez, baixo custo e adequada sensibilidade e especificidade em comparação com outras técnicas.

O ELISA é apropriado para a triagem em cães que apresentam resultados sorológicos negativos, enquanto a RIFI é empregada para confirmar a sororreagência detectada pelo ELISA ou como parte da rotina diagnóstica.

No entanto, é importante destacar que esses testes sorológicos não são capazes de detectar cães infectados antes da soroconversão, e também podem ocorrer reações cruzadas com outras enfermidades, como babesiose canina, erliquiose canina e infecção por Trypanosoma sp.

 

Diagnóstico molecular

Métodos moleculares, como a Reação em Cadeia da Polimerase (PCR e q-RT-PCR), são ferramentas diagnósticas importantes, demonstrando eficiência de 100% na detecção de Leishmania em cães sintomáticos. Essas técnicas moleculares oferecem alta sensibilidade e são especialmente úteis em situações em que outros métodos podem falhar.

 

Tratamentos para a Leishmaniose Visceral Canina

Um veterinário experiente deve supervisionar o tratamento da Leishmaniose Visceral Canina. Atualmente, não existe uma cura definitiva para a Leishmaniose Visceral Canina, mas o tratamento visa a principalmente controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do animal. Alguns dos principais tratamentos são:

 

Uso de medicamentos

Antimoniais pentavalentes: são medicamentos que combatem diretamente o parasita. Eles são administrados por via subcutânea e podem ajudar a reduzir a carga parasitária.

Imunomoduladores: esses medicamentos ajudam a fortalecer o sistema imunológico do animal, permitindo que ele combata a infecção de forma mais eficaz.

 

Cuidados de Suporte

O tratamento da anemia, causada pela LVC, frequentemente envolve a prescrição de suplementos de ferro pelo veterinário.

Além disso, o veterinário pode prescrever medicamentos para controlar sintomas como febre, perda de apetite e feridas na pele.

Por fim, é essencial realizar o monitoramento regular com o veterinário para avaliar a resposta ao tratamento e fazer ajustes conforme necessário.

A Leishmaniose Visceral Canina é uma zoonose, ou seja, humanos também podem ser contaminados por essa condição. Portanto, a prevenção da doença em cães também é uma preocupação de saúde pública.

Assim, a Leishmaniose Visceral Canina é uma doença séria que requer diagnóstico precoce e tratamento adequado. Ao conhecer os sintomas, fazer exames regulares e adotar medidas de prevenção, você pode ajudar a proteger seu cão contra essa doença potencialmente fatal. Consulte sempre o seu veterinário para orientações específicas e siga suas recomendações para garantir a saúde e o bem-estar do seu fiel companheiro de quatro patas.